Árvores e tempo de leitura
Me ajude aprender a fazer um cordel...
Palestra Semana cultural
IEEM ano 2016 Prof Feres outubro
MARIA JOSÉ NÓBREGA
2 3 4
Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental
Leitor fl uente — 4o
ao 7o
anos
VEREDAS
Parte comum.indd 1 8/13/13 8:37 AM
CÉSAR OBEID
Minhas rimas de cordel
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando
as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qualquer
texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade
que determina as leituras possíveis. O espa-
ço da interpretação é regulado tanto pela
organização do próprio texto quanto pela
memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento:
“Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo,
no diálogo. Prática enraizada na experiência
humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do resgate
de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com objetos
culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência signifi cativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade
de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transformar
a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro
sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
fl ores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos
prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores
para a leitura, focalizando aspectos que
auxiliem a construção dos sentidos do texto
pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identifi cação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados
pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando,
quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a refl exão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspectiva
com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados
pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identifi
car os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explorados
para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo professor
em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados
na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes
linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em DVD,
que tenham alguma articulação com a obra
analisada, tanto em relação à temática como
à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão
interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando
o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a fi nalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
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PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Luísa Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, considerando
as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qualquer
texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exterioridade
que determina as leituras possíveis. O espa-
ço da interpretação é regulado tanto pela
organização do próprio texto quanto pela
memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvore
— a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este mandamento:
“Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no intervalo,
no diálogo. Prática enraizada na experiência
humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do resgate
de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de confl itos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e descobrir
quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com objetos
culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas — é que a leitura se converte em
uma experiência signifi cativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade
de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafi o; transformar
a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro
sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
fl ores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhecimentos
prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
• Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
• Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa etc.
• Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orientadores
para a leitura, focalizando aspectos que
auxiliem a construção dos sentidos do texto
pelo leitor.
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
• Identifi cação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
• Apreciação de recursos expressivos empregados
pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indicando,
quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a refl exão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspectiva
com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos empregados
pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá identifi
car os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explorados
para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
✦ nas tramas do texto
• Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo professor
em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empregados
na obra.
• Identifi cação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
• Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
• Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes
linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas
etc.
✦ nas telas do cinema
• Indicação de fi lmes, disponíveis em DVD,
que tenham alguma articulação com a obra
analisada, tanto em relação à temática como
à estrutura composicional.
✦ nas ondas do som
• Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
✦ nos enredos do real
• Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimensão
interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando
o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
◗ do mesmo autor;
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
◗ leitura de desafi o.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a fi nalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
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CÉSAR OBEID
Minhas rimas de cordel
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UM POUCO SOBRE O AUTOR
César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um
fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em
Administração de Empresas pelo Mackenzie,
em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades
à difusão da literatura de cordel e do
repente de viola. Além de pesquisador da poesia
popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista,
repentista e contador de histórias de cordel.
Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas
etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para
o público em geral e para educadores. Costuma
apresentar seu trabalho como artista e educador
em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às
Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além
de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e
produziu dois espetáculos: De repente, o cordel
e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do
destino, dos quais também participou como ator.
É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais,
Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima
com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do
menino, Brincantes poemas, No país das bexigas,
Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do
Brasil, todos publicados pela Editora Moderna;
História de João Grilo e dos três irmãos gigantes,
Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho
Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel,
pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD;
O valente domador, pela Scipione.
RESENHA
César Obeid não é nordestino, mas mostra, em
seu trabalho, desenvoltura na criação de versos
de cordel para ninguém botar defeito.
Sempre com grande senso de humor, o autor nos
apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos
em que brinca com conhecidos provérbios, sem
nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes,
dessa vez a partir de crendices populares, em
que o medo de passar debaixo da escada ou de
quebrar um espelho pode se transformar em poesia.
Logo depois, o autor nos desafi a com as suas
adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples,
em que rima a pergunta para depois rimar a
resposta. No fi nal do livro há mais um presente:
a divertida história de uma velhota fofoqueira,
recriada pelo autor da tradição oral.
É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de
cordel foram feitos para ser declamados em voz
alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores
como um contador de histórias que se dirige ao
público e ouve suas respostas.
O caráter popular desses versos fi ca evidente não
somente pela sua estrutura de rimas de cordel,
mas também pelos temas escolhidos pelo autor,
todos ligados à cultura popular brasileira.
Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que
está longe de ser um estudo distanciado do folclore
– o que temos é um autor que reinventa, com
muito humor e graça, esse formato tradicional,
à sua maneira.
QUADRO-SÍNTESE
Gênero: cordel.
Palavras-chave: cultura popular, folclore,
tradição oral, provérbios, crendices, charadas,
humor.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes.
Tema transversal: pluralidade cultural.
Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do
Ensino Fundamental.
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito
da literatura de cordel. Verifi que se já leram
algum folheto de cordel.
2. Informe que os versos de cordel do livro que
irão ler trabalham com alguns elementos da cultura
popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça
que coletem provérbios, crendices e adivinhas que
conheçam e os tragam para compartilhar com
a classe.
3. Diga a eles que observem as xilogravuras que
ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar
a respeito do conteúdo do texto?
b) durante a leitura
1. Sendo o cordel uma forma de literatura de
origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados
ou cantados, é interessante realizar a
leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é
dividir a turma em grupos e separar um trecho do
livro para cada grupo, marcando uma data para
a leitura.
2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói
rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com
a pergunta, outra com a resposta. Sugira que
tentem decifrar as charadas, antes da leitura das
respostas.
3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e
as crendices citados no texto que conhecerem.
4. Sugira que procurem perceber as relações que
existem entre o texto e as ilustrações feitas por
Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que
provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há
referência no texto à crendice representada na
xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração
da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha
fofoqueira da história é caracterizada na imagem
da p. 39?
5. Na capa do livro, encontramos um contador de
histórias entretendo uma plateia; essa imagem
está de acordo com a maneira pela qual o autor
nos apresenta os versos de cordel. O autor refere-
-se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu
povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura
de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos
que identifi quem no texto os momentos em
que o autor se dirige diretamente aos leitores
e verifi que se percebem que esses momentos
nos remetem mais a um contador de histórias
se dirigindo a seu público do que a um cronista se
dirigindo a seus leitores.
c) depois da leitura
1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos
e verifi que se compreenderam o sentido dos
demais. Compare o texto do provérbio que os
alunos conheciam com a forma como são citados
no livro: há mudanças?
2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as
adivinhas. De que maneira os alunos conhecem
cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem
no livro?
3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida,
merece uma leitura dramática, já que possui
muitos diálogos. O grupo que fi car responsável
por essa história poderá eleger uma pessoa para
fazer o papel da velhota, outra para o papel do
marido e outras para o papel dos narradores. Se
possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros
objetos para a cena. O importante é deixar
solta a criatividade.
4. Peça que seus alunos observem as estrofes do
texto e verifi quem se o número de versos se modifi
ca de uma estrofe para a outra. Peça também
que verifi quem quais são os versos que rimam em
uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda
de uma estrofe para a outra?
5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo
fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece
porque os poemas possuem uma métrica e
que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas.
Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel,
não corresponde à que estão acostumados, já
que ela está muito mais ligada à sonoridade das
palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns
versos do texto para mostrar como essa divisão
funciona, explicando que, em alguns casos, duas
sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez
de “minha”) e que da última palavra do verso não
se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica.
Após a explicação, deixe que seus alunos realizem
o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os
versos do texto têm mesmo sete sílabas.
6. Pode ser interessante trazer uma poesia com
uma métrica diferente para apresentar aos alunos.
Um poema da literatura erudita, em versos
decassílabos (os cordelistas também os utilizam)
ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em
versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos
de métrica produz? Por que será que o verso de
sete sílabas é mais utilizado na cultura popular?
7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem
seu talento como autores de literatura de cordel.
Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir
de um exercício proposto pelo autor César Obeid,
hojechamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha, sendo X os versos livres e A os versos com rimas. 1________________________ X 2________________________ A 3________________________ X 4________________________ A 5________________________ X 6________________________ A • Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham o tema que desejam tratar. Então diga a eles que escolham uma palavra que simbolize bem esse tema e que não seja muito difícil de rimar. Essa palavra deve ser colocada no último verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu maior sentido na última linha. Depois, peça aos alunos que pensem em outras palavras que rimem com a palavra escolhida e, entre elas, escolham duas para colocar no fi nal dos dois outros versos com rima, o segundo e o quarto. Exemplo: 1______________________ X 2______________________ fl or A 3______________________ X 4______________________ dor A 5______________________ X 6______________________ amor A • Agora é só metrifi car, construindo versos de sete sílabas, e manter as rimas. Exemplo: 1 Eu te dou um chocolate X 2 Um beijinho e uma fl or A 3 É que junto de você X 4 Eu não sei o que é dor A 5 Só resta então dizer X 6 Eu te amo, meu amor. A Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas pelo autor, como também pela maior parte dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a rima, dentro de uma palavra, começa sempre na “vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal. 8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito da literatura de cordel. Qual sua região de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação de origem sertaneja, ou seja, a maior parte dos poetas é nascida no sertão. Falar também sobre o processo migratório e dizer que há cordel sendo produzido em praticamente toda grande cidade do país e que São Paulo é o maior polo de cordel fora do Nordeste.) Qual a origem do nome? Quais são os temas e personagens mais recorrentes? Quais os principais autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os contemporâneos e confi rmar que a manifestação permanece viva até .)
9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado
de xilogravuras. Peça aos alunos que
pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens.
Se possível, converse com o professor de Artes sobre
a possibilidade de os alunos experimentarem
essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras
para ilustrar as suas estrofes de cordel.
10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros
títulos disponíveis on-line, visite os sites: http://
www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br
11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma
a um dos fi lmes:
Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira
Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando
os habitantes de Javé tomam conhecimento
de que o pequeno vilarejo em que vivem pode
desaparecer sob as águas de uma enorme usina
hidrelétrica, decidem preparar um documento
contando todos os grandes acontecimentos heróicos
de sua história para escapar da destruição.
Como a maioria dos moradores são analfabetos,
a primeira tarefa é encontrar alguém que possa
escrever as histórias.
O homem que virou suco. Dir. de João Batista de
Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante
nordestino, contador de cordel e recém-chegado
a São Paulo, é confundido com um operário que
matou o patrão. Decidido a provar sua inocência,
é obrigado a se esconder da polícia.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Aquecimento global não dá rima com legal. São
Paulo: Moderna.
Brincantes poemas. São Paulo: Moderna.
Desafi os de cordel. São Paulo: FTD.
Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna.
Rimas animais. São Paulo: Moderna.
Rimas juninas. São Paulo: Moderna.
◗ sobre o mesmo gênero
A editora Hedra publicou antologias de renomados
autores de cordel:
Cordel de Expedito Sebastião Silva
Cordel de João Martins de Athayde
Cordel de Raimundo Santa Helena
Cordel de Severino José
Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante
Cordel de Zé Vicente
Cordel de Teo Azevedo
Cordel de Minelvino Francisco Silva
Cordel de Cuíca de Santo Amaro
Cordel de Patativa do Assaré
Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e
luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna.
Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental
VEREDAS
Enc_Minhas rimas de cordel.indd 1 8/29/13 8:53 AM
CÉSAR OBEID
Minhas rimas de cordel
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um
fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em
Administração de Empresas pelo Mackenzie,
em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades
à difusão da literatura de cordel e do
repente de viola. Além de pesquisador da poesia
popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista,
repentista e contador de histórias de cordel.
Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas
etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para
o público em geral e para educadores. Costuma
apresentar seu trabalho como artista e educador
em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às
Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além
de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e
produziu dois espetáculos: De repente, o cordel
e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do
destino, dos quais também participou como ator.
É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais,
Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima
com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do
menino, Brincantes poemas, No país das bexigas,
Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do
Brasil, todos publicados pela Editora Moderna;
História de João Grilo e dos três irmãos gigantes,
Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho
Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel,
pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD;
O valente domador, pela Scipione.
RESENHA
César Obeid não é nordestino, mas mostra, em
seu trabalho, desenvoltura na criação de versos
de cordel para ninguém botar defeito.
Sempre com grande senso de humor, o autor nos
apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos
em que brinca com conhecidos provérbios, sem
nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes,
dessa vez a partir de crendices populares, em
que o medo de passar debaixo da escada ou de
quebrar um espelho pode se transformar em poesia.
Logo depois, o autor nos desafi a com as suas
adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples,
em que rima a pergunta para depois rimar a
resposta. No fi nal do livro há mais um presente:
a divertida história de uma velhota fofoqueira,
recriada pelo autor da tradição oral.
É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de
cordel foram feitos para ser declamados em voz
alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores
como um contador de histórias que se dirige ao
público e ouve suas respostas.
O caráter popular desses versos fi ca evidente não
somente pela sua estrutura de rimas de cordel,
mas também pelos temas escolhidos pelo autor,
todos ligados à cultura popular brasileira.
Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que
está longe de ser um estudo distanciado do folclore
– o que temos é um autor que reinventa, com
muito humor e graça, esse formato tradicional,
à sua maneira.
QUADRO-SÍNTESE
Gênero: cordel.
Palavras-chave: cultura popular, folclore,
tradição oral, provérbios, crendices, charadas,
humor.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes.
Tema transversal: pluralidade cultural.
Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do
Ensino Fundamental.
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito
da literatura de cordel. Verifi que se já leram
algum folheto de cordel.
2. Informe que os versos de cordel do livro que
irão ler trabalham com alguns elementos da cultura
popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça
que coletem provérbios, crendices e adivinhas que
conheçam e os tragam para compartilhar com
a classe.
3. Diga a eles que observem as xilogravuras que
ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar
a respeito do conteúdo do texto?
b) durante a leitura
1. Sendo o cordel uma forma de literatura de
origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados
ou cantados, é interessante realizar a
leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é
dividir a turma em grupos e separar um trecho do
livro para cada grupo, marcando uma data para
a leitura.
2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói
rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com
a pergunta, outra com a resposta. Sugira que
tentem decifrar as charadas, antes da leitura das
respostas.
3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e
as crendices citados no texto que conhecerem.
4. Sugira que procurem perceber as relações que
existem entre o texto e as ilustrações feitas por
Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que
provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há
referência no texto à crendice representada na
xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração
da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha
fofoqueira da história é caracterizada na imagem
da p. 39?
5. Na capa do livro, encontramos um contador de
histórias entretendo uma plateia; essa imagem
está de acordo com a maneira pela qual o autor
nos apresenta os versos de cordel. O autor refere-
-se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu
povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura
de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos
que identifi quem no texto os momentos em
que o autor se dirige diretamente aos leitores
e verifi que se percebem que esses momentos
nos remetem mais a um contador de histórias
se dirigindo a seu público do que a um cronista se
dirigindo a seus leitores.
c) depois da leitura
1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos
e verifi que se compreenderam o sentido dos
demais. Compare o texto do provérbio que os
alunos conheciam com a forma como são citados
no livro: há mudanças?
2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as
adivinhas. De que maneira os alunos conhecem
cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem
no livro?
3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida,
merece uma leitura dramática, já que possui
muitos diálogos. O grupo que fi car responsável
por essa história poderá eleger uma pessoa para
fazer o papel da velhota, outra para o papel do
marido e outras para o papel dos narradores. Se
possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros
objetos para a cena. O importante é deixar
solta a criatividade.
4. Peça que seus alunos observem as estrofes do
texto e verifi quem se o número de versos se modifi
ca de uma estrofe para a outra. Peça também
que verifi quem quais são os versos que rimam em
uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda
de uma estrofe para a outra?
5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo
fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece
porque os poemas possuem uma métrica e
que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas.
Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel,
não corresponde à que estão acostumados, já
que ela está muito mais ligada à sonoridade das
palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns
versos do texto para mostrar como essa divisão
funciona, explicando que, em alguns casos, duas
sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez
de “minha”) e que da última palavra do verso não
se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica.
Após a explicação, deixe que seus alunos realizem
o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os
versos do texto têm mesmo sete sílabas.
6. Pode ser interessante trazer uma poesia com
uma métrica diferente para apresentar aos alunos.
Um poema da literatura erudita, em versos
decassílabos (os cordelistas também os utilizam)
ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em
versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos
de métrica produz? Por que será que o verso de
sete sílabas é mais utilizado na cultura popular?
7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem
seu talento como autores de literatura de cordel.
Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir
de um exercício proposto pelo autor César Obeid,
chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das
palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha,
sendo X os versos livres e A os versos com rimas.
1________________________ X
2________________________ A
3________________________ X
4________________________ A
5________________________ X
6________________________ A
• Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham
o tema que desejam tratar. Então diga a
eles que escolham uma palavra que simbolize
bem esse tema e que não seja muito difícil de
rimar. Essa palavra deve ser colocada no último
verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu
maior sentido na última linha. Depois, peça
aos alunos que pensem em outras palavras que
rimem com a palavra escolhida e, entre elas,
escolham duas para colocar no fi nal dos dois
outros versos com rima, o segundo e o quarto.
Exemplo:
1______________________ X
2______________________ fl or A
3______________________ X
4______________________ dor A
5______________________ X
6______________________ amor A
• Agora é só metrifi car, construindo versos de
sete sílabas, e manter as rimas.
Exemplo:
1 Eu te dou um chocolate X
2 Um beijinho e uma fl or A
3 É que junto de você X
4 Eu não sei o que é dor A
5 Só resta então dizer X
6 Eu te amo, meu amor. A
Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas
pelo autor, como também pela maior parte
dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a
rima, dentro de uma palavra, começa sempre na
“vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal.
8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a
respeito da literatura de cordel. Qual sua região
de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação
de origem sertaneja, ou seja, a maior parte
dos poetas é nascida no sertão. Falar também
sobre o processo migratório e dizer que há cordel
sendo produzido em praticamente toda grande
cidade do país e que São Paulo é o maior polo de
cordel fora do Nordeste.)
Qual a origem do nome? Quais são os temas e
personagens mais recorrentes? Quais os principais
autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os
contemporâneos e confi rmar que a manifestação
permanece viva até hoje.)
9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado
de xilogravuras. Peça aos alunos que
pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens.
Se possível, converse com o professor de Artes sobre
a possibilidade de os alunos experimentarem
essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras
para ilustrar as suas estrofes de cordel.
10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros
títulos disponíveis on-line, visite os sites: http://
www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br
11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma
a um dos fi lmes:
Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira
Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando
os habitantes de Javé tomam conhecimento
de que o pequeno vilarejo em que vivem pode
desaparecer sob as águas de uma enorme usina
hidrelétrica, decidem preparar um documento
contando todos os grandes acontecimentos heróicos
de sua história para escapar da destruição.
Como a maioria dos moradores são analfabetos,
a primeira tarefa é encontrar alguém que possa
escrever as histórias.
O homem que virou suco. Dir. de João Batista de
Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante
nordestino, contador de cordel e recém-chegado
a São Paulo, é confundido com um operário que
matou o patrão. Decidido a provar sua inocência,
é obrigado a se esconder da polícia.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Aquecimento global não dá rima com legal. São
Paulo: Moderna.
Brincantes poemas. São Paulo: Moderna.
Desafi os de cordel. São Paulo: FTD.
Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna.
Rimas animais. São Paulo: Moderna.
Rimas juninas. São Paulo: Moderna.
◗ sobre o mesmo gênero
A editora Hedra publicou antologias de renomados
autores de cordel:
Cordel de Expedito Sebastião Silva
Cordel de João Martins de Athayde
Cordel de Raimundo Santa Helena
Cordel de Severino José
Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante
Cordel de Zé Vicente
Cordel de Teo Azevedo
Cordel de Minelvino Francisco Silva
Cordel de Cuíca de Santo Amaro
Cordel de Patativa do Assaré
Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e
luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna.
Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental
VEREDAS
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CÉSAR OBEID
Minhas rimas de cordel
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um
fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em
Administração de Empresas pelo Mackenzie,
em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades
à difusão da literatura de cordel e do
repente de viola. Além de pesquisador da poesia
popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista,
repentista e contador de histórias de cordel.
Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas
etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para
o público em geral e para educadores. Costuma
apresentar seu trabalho como artista e educador
em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às
Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além
de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e
produziu dois espetáculos: De repente, o cordel
e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do
destino, dos quais também participou como ator.
É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais,
Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima
com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do
menino, Brincantes poemas, No país das bexigas,
Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do
Brasil, todos publicados pela Editora Moderna;
História de João Grilo e dos três irmãos gigantes,
Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho
Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel,
pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD;
O valente domador, pela Scipione.
RESENHA
César Obeid não é nordestino, mas mostra, em
seu trabalho, desenvoltura na criação de versos
de cordel para ninguém botar defeito.
Sempre com grande senso de humor, o autor nos
apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos
em que brinca com conhecidos provérbios, sem
nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes,
dessa vez a partir de crendices populares, em
que o medo de passar debaixo da escada ou de
quebrar um espelho pode se transformar em poesia.
Logo depois, o autor nos desafi a com as suas
adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples,
em que rima a pergunta para depois rimar a
resposta. No fi nal do livro há mais um presente:
a divertida história de uma velhota fofoqueira,
recriada pelo autor da tradição oral.
É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de
cordel foram feitos para ser declamados em voz
alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores
como um contador de histórias que se dirige ao
público e ouve suas respostas.
O caráter popular desses versos fi ca evidente não
somente pela sua estrutura de rimas de cordel,
mas também pelos temas escolhidos pelo autor,
todos ligados à cultura popular brasileira.
Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que
está longe de ser um estudo distanciado do folclore
– o que temos é um autor que reinventa, com
muito humor e graça, esse formato tradicional,
à sua maneira.
QUADRO-SÍNTESE
Gênero: cordel.
Palavras-chave: cultura popular, folclore,
tradição oral, provérbios, crendices, charadas,
humor.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes.
Tema transversal: pluralidade cultural.
Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do
Ensino Fundamental.
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito
da literatura de cordel. Verifi que se já leram
algum folheto de cordel.
2. Informe que os versos de cordel do livro que
irão ler trabalham com alguns elementos da cultura
popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça
que coletem provérbios, crendices e adivinhas que
conheçam e os tragam para compartilhar com
a classe.
3. Diga a eles que observem as xilogravuras que
ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar
a respeito do conteúdo do texto?
b) durante a leitura
1. Sendo o cordel uma forma de literatura de
origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados
ou cantados, é interessante realizar a
leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é
dividir a turma em grupos e separar um trecho do
livro para cada grupo, marcando uma data para
a leitura.
2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói
rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com
a pergunta, outra com a resposta. Sugira que
tentem decifrar as charadas, antes da leitura das
respostas.
3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e
as crendices citados no texto que conhecerem.
4. Sugira que procurem perceber as relações que
existem entre o texto e as ilustrações feitas por
Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que
provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há
referência no texto à crendice representada na
xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração
da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha
fofoqueira da história é caracterizada na imagem
da p. 39?
5. Na capa do livro, encontramos um contador de
histórias entretendo uma plateia; essa imagem
está de acordo com a maneira pela qual o autor
nos apresenta os versos de cordel. O autor refere-
-se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu
povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura
de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos
que identifi quem no texto os momentos em
que o autor se dirige diretamente aos leitores
e verifi que se percebem que esses momentos
nos remetem mais a um contador de histórias
se dirigindo a seu público do que a um cronista se
dirigindo a seus leitores.
c) depois da leitura
1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos
e verifi que se compreenderam o sentido dos
demais. Compare o texto do provérbio que os
alunos conheciam com a forma como são citados
no livro: há mudanças?
2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as
adivinhas. De que maneira os alunos conhecem
cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem
no livro?
3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida,
merece uma leitura dramática, já que possui
muitos diálogos. O grupo que fi car responsável
por essa história poderá eleger uma pessoa para
fazer o papel da velhota, outra para o papel do
marido e outras para o papel dos narradores. Se
possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros
objetos para a cena. O importante é deixar
solta a criatividade.
4. Peça que seus alunos observem as estrofes do
texto e verifi quem se o número de versos se modifi
ca de uma estrofe para a outra. Peça também
que verifi quem quais são os versos que rimam em
uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda
de uma estrofe para a outra?
5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo
fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece
porque os poemas possuem uma métrica e
que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas.
Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel,
não corresponde à que estão acostumados, já
que ela está muito mais ligada à sonoridade das
palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns
versos do texto para mostrar como essa divisão
funciona, explicando que, em alguns casos, duas
sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez
de “minha”) e que da última palavra do verso não
se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica.
Após a explicação, deixe que seus alunos realizem
o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os
versos do texto têm mesmo sete sílabas.
6. Pode ser interessante trazer uma poesia com
uma métrica diferente para apresentar aos alunos.
Um poema da literatura erudita, em versos
decassílabos (os cordelistas também os utilizam)
ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em
versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos
de métrica produz? Por que será que o verso de
sete sílabas é mais utilizado na cultura popular?
7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem
seu talento como autores de literatura de cordel.
Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir
de um exercício proposto pelo autor César Obeid,
chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das
palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha,
sendo X os versos livres e A os versos com rimas.
1________________________ X
2________________________ A
3________________________ X
4________________________ A
5________________________ X
6________________________ A
• Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham
o tema que desejam tratar. Então diga a
eles que escolham uma palavra que simbolize
bem esse tema e que não seja muito difícil de
rimar. Essa palavra deve ser colocada no último
verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu
maior sentido na última linha. Depois, peça
aos alunos que pensem em outras palavras que
rimem com a palavra escolhida e, entre elas,
escolham duas para colocar no fi nal dos dois
outros versos com rima, o segundo e o quarto.
Exemplo:
1______________________ X
2______________________ fl or A
3______________________ X
4______________________ dor A
5______________________ X
6______________________ amor A
• Agora é só metrifi car, construindo versos de
sete sílabas, e manter as rimas.
Exemplo:
1 Eu te dou um chocolate X
2 Um beijinho e uma fl or A
3 É que junto de você X
4 Eu não sei o que é dor A
5 Só resta então dizer X
6 Eu te amo, meu amor. A
Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas
pelo autor, como também pela maior parte
dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a
rima, dentro de uma palavra, começa sempre na
“vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal.
8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a
respeito da literatura de cordel. Qual sua região
de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação
de origem sertaneja, ou seja, a maior parte
dos poetas é nascida no sertão. Falar também
sobre o processo migratório e dizer que há cordel
sendo produzido em praticamente toda grande
cidade do país e que São Paulo é o maior polo de
cordel fora do Nordeste.)
Qual a origem do nome? Quais são os temas e
personagens mais recorrentes? Quais os principais
autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os
contemporâneos e confi rmar que a manifestação
permanece viva até hoje.)
9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado
de xilogravuras. Peça aos alunos que
pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens.
Se possível, converse com o professor de Artes sobre
a possibilidade de os alunos experimentarem
essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras
para ilustrar as suas estrofes de cordel.
10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros
títulos disponíveis on-line, visite os sites: http://
www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br
11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma
a um dos fi lmes:
Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira
Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando
os habitantes de Javé tomam conhecimento
de que o pequeno vilarejo em que vivem pode
desaparecer sob as águas de uma enorme usina
hidrelétrica, decidem preparar um documento
contando todos os grandes acontecimentos heróicos
de sua história para escapar da destruição.
Como a maioria dos moradores são analfabetos,
a primeira tarefa é encontrar alguém que possa
escrever as histórias.
O homem que virou suco. Dir. de João Batista de
Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante
nordestino, contador de cordel e recém-chegado
a São Paulo, é confundido com um operário que
matou o patrão. Decidido a provar sua inocência,
é obrigado a se esconder da polícia.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Aquecimento global não dá rima com legal. São
Paulo: Moderna.
Brincantes poemas. São Paulo: Moderna.
Desafi os de cordel. São Paulo: FTD.
Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna.
Rimas animais. São Paulo: Moderna.
Rimas juninas. São Paulo: Moderna.
◗ sobre o mesmo gênero
A editora Hedra publicou antologias de renomados
autores de cordel:
Cordel de Expedito Sebastião Silva
Cordel de João Martins de Athayde
Cordel de Raimundo Santa Helena
Cordel de Severino José
Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante
Cordel de Zé Vicente
Cordel de Teo Azevedo
Cordel de Minelvino Francisco Silva
Cordel de Cuíca de Santo Amaro
Cordel de Patativa do Assaré
Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e
luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna.
Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental
VEREDAS
Enc_Minhas rimas de cordel.indd 1 8/29/13 8:53 AM
CÉSAR OBEID
Minhas rimas de cordel
5 6 7
UM POUCO SOBRE O AUTOR
César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um
fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em
Administração de Empresas pelo Mackenzie,
em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades
à difusão da literatura de cordel e do
repente de viola. Além de pesquisador da poesia
popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista,
repentista e contador de histórias de cordel.
Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas
etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para
o público em geral e para educadores. Costuma
apresentar seu trabalho como artista e educador
em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às
Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além
de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e
produziu dois espetáculos: De repente, o cordel
e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do
destino, dos quais também participou como ator.
É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais,
Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima
com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do
menino, Brincantes poemas, No país das bexigas,
Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do
Brasil, todos publicados pela Editora Moderna;
História de João Grilo e dos três irmãos gigantes,
Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho
Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel,
pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD;
O valente domador, pela Scipione.
RESENHA
César Obeid não é nordestino, mas mostra, em
seu trabalho, desenvoltura na criação de versos
de cordel para ninguém botar defeito.
Sempre com grande senso de humor, o autor nos
apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos
em que brinca com conhecidos provérbios, sem
nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes,
dessa vez a partir de crendices populares, em
que o medo de passar debaixo da escada ou de
quebrar um espelho pode se transformar em poesia.
Logo depois, o autor nos desafi a com as suas
adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples,
em que rima a pergunta para depois rimar a
resposta. No fi nal do livro há mais um presente:
a divertida história de uma velhota fofoqueira,
recriada pelo autor da tradição oral.
É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de
cordel foram feitos para ser declamados em voz
alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores
como um contador de histórias que se dirige ao
público e ouve suas respostas.
O caráter popular desses versos fi ca evidente não
somente pela sua estrutura de rimas de cordel,
mas também pelos temas escolhidos pelo autor,
todos ligados à cultura popular brasileira.
Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que
está longe de ser um estudo distanciado do folclore
– o que temos é um autor que reinventa, com
muito humor e graça, esse formato tradicional,
à sua maneira.
QUADRO-SÍNTESE
Gênero: cordel.
Palavras-chave: cultura popular, folclore,
tradição oral, provérbios, crendices, charadas,
humor.
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes.
Tema transversal: pluralidade cultural.
Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do
Ensino Fundamental.
SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito
da literatura de cordel. Verifi que se já leram
algum folheto de cordel.
2. Informe que os versos de cordel do livro que
irão ler trabalham com alguns elementos da cultura
popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça
que coletem provérbios, crendices e adivinhas que
conheçam e os tragam para compartilhar com
a classe.
3. Diga a eles que observem as xilogravuras que
ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar
a respeito do conteúdo do texto?
b) durante a leitura
1. Sendo o cordel uma forma de literatura de
origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados
ou cantados, é interessante realizar a
leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é
dividir a turma em grupos e separar um trecho do
livro para cada grupo, marcando uma data para
a leitura.
2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói
rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com
a pergunta, outra com a resposta. Sugira que
tentem decifrar as charadas, antes da leitura das
respostas.
3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e
as crendices citados no texto que conhecerem.
4. Sugira que procurem perceber as relações que
existem entre o texto e as ilustrações feitas por
Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que
provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há
referência no texto à crendice representada na
xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração
da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha
fofoqueira da história é caracterizada na imagem
da p. 39?
5. Na capa do livro, encontramos um contador de
histórias entretendo uma plateia; essa imagem
está de acordo com a maneira pela qual o autor
nos apresenta os versos de cordel. O autor refere-
-se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu
povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura
de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos
que identifi quem no texto os momentos em
que o autor se dirige diretamente aos leitores
e verifi que se percebem que esses momentos
nos remetem mais a um contador de histórias
se dirigindo a seu público do que a um cronista se
dirigindo a seus leitores.
c) depois da leitura
1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos
e verifi que se compreenderam o sentido dos
demais. Compare o texto do provérbio que os
alunos conheciam com a forma como são citados
no livro: há mudanças?
2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as
adivinhas. De que maneira os alunos conhecem
cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem
no livro?
3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida,
merece uma leitura dramática, já que possui
muitos diálogos. O grupo que fi car responsável
por essa história poderá eleger uma pessoa para
fazer o papel da velhota, outra para o papel do
marido e outras para o papel dos narradores. Se
possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros
objetos para a cena. O importante é deixar
solta a criatividade.
4. Peça que seus alunos observem as estrofes do
texto e verifi quem se o número de versos se modifi
ca de uma estrofe para a outra. Peça também
que verifi quem quais são os versos que rimam em
uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda
de uma estrofe para a outra?
5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo
fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece
porque os poemas possuem uma métrica e
que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas.
Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel,
não corresponde à que estão acostumados, já
que ela está muito mais ligada à sonoridade das
palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns
versos do texto para mostrar como essa divisão
funciona, explicando que, em alguns casos, duas
sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez
de “minha”) e que da última palavra do verso não
se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica.
Após a explicação, deixe que seus alunos realizem
o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os
versos do texto têm mesmo sete sílabas.
6. Pode ser interessante trazer uma poesia com
uma métrica diferente para apresentar aos alunos.
Um poema da literatura erudita, em versos
decassílabos (os cordelistas também os utilizam)
ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em
versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos
de métrica produz? Por que será que o verso de
sete sílabas é mais utilizado na cultura popular?
7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem
seu talento como autores de literatura de cordel.
Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir
de um exercício proposto pelo autor César Obeid,
chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das
palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha,
sendo X os versos livres e A os versos com rimas.
1________________________ X
2________________________ A
3________________________ X
4________________________ A
5________________________ X
6________________________ A
• Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham
o tema que desejam tratar. Então diga a
eles que escolham uma palavra que simbolize
bem esse tema e que não seja muito difícil de
rimar. Essa palavra deve ser colocada no último
verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu
maior sentido na última linha. Depois, peça
aos alunos que pensem em outras palavras que
rimem com a palavra escolhida e, entre elas,
escolham duas para colocar no fi nal dos dois
outros versos com rima, o segundo e o quarto.
Exemplo:
1______________________ X
2______________________ fl or A
3______________________ X
4______________________ dor A
5______________________ X
6______________________ amor A
• Agora é só metrifi car, construindo versos de
sete sílabas, e manter as rimas.
Exemplo:
1 Eu te dou um chocolate X
2 Um beijinho e uma fl or A
3 É que junto de você X
4 Eu não sei o que é dor A
5 Só resta então dizer X
6 Eu te amo, meu amor. A
Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas
pelo autor, como também pela maior parte
dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a
rima, dentro de uma palavra, começa sempre na
“vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal.
8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a
respeito da literatura de cordel. Qual sua região
de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação
de origem sertaneja, ou seja, a maior parte
dos poetas é nascida no sertão. Falar também
sobre o processo migratório e dizer que há cordel
sendo produzido em praticamente toda grande
cidade do país e que São Paulo é o maior polo de
cordel fora do Nordeste.)
Qual a origem do nome? Quais são os temas e
personagens mais recorrentes? Quais os principais
autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os
contemporâneos e confi rmar que a manifestação
permanece viva até hoje.)
9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado
de xilogravuras. Peça aos alunos que
pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens.
Se possível, converse com o professor de Artes sobre
a possibilidade de os alunos experimentarem
essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras
para ilustrar as suas estrofes de cordel.
10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros
títulos disponíveis on-line, visite os sites: http://
www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br
11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma
a um dos fi lmes:
Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira
Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando
os habitantes de Javé tomam conhecimento
de que o pequeno vilarejo em que vivem pode
desaparecer sob as águas de uma enorme usina
hidrelétrica, decidem preparar um documento
contando todos os grandes acontecimentos heróicos
de sua história para escapar da destruição.
Como a maioria dos moradores são analfabetos,
a primeira tarefa é encontrar alguém que possa
escrever as histórias.
O homem que virou suco. Dir. de João Batista de
Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante
nordestino, contador de cordel e recém-chegado
a São Paulo, é confundido com um operário que
matou o patrão. Decidido a provar sua inocência,
é obrigado a se esconder da polícia.
DICAS DE LEITURA
◗ do mesmo autor
Aquecimento global não dá rima com legal. São
Paulo: Moderna.
Brincantes poemas. São Paulo: Moderna.
Desafi os de cordel. São Paulo: FTD.
Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna.
Rimas animais. São Paulo: Moderna.
Rimas juninas. São Paulo: Moderna.
◗ sobre o mesmo gênero
A editora Hedra publicou antologias de renomados
autores de cordel:
Cordel de Expedito Sebastião Silva
Cordel de João Martins de Athayde
Cordel de Raimundo Santa Helena
Cordel de Severino José
Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante
Cordel de Zé Vicente
Cordel de Teo Azevedo
Cordel de Minelvino Francisco Silva
Cordel de Cuíca de Santo Amaro
Cordel de Patativa do Assaré
Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e
luta, de Márcia