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sábado, 24 de setembro de 2016

Fluentes de cordéis com cezar obeid

                                Árvores e tempo de leitura    
                                                Me ajude aprender a fazer um cordel...
                                                        Palestra  Semana cultural 
                                                 IEEM  ano 2016   Prof Feres   outubro


MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental Leitor fl uente — 4o ao 7o anos VEREDAS Parte comum.indd 1 8/13/13 8:37 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa- ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafi o; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de fi lmes, disponíveis em DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental Leitor fl uente — 4o ao 7o anos VEREDAS Parte comum.indd 1 8/13/13 8:37 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel PROJETO DE LEITURA Coordenação: Maria José Nóbrega Elaboração: Luísa Nóbrega DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 Alegórica árvore do tempo… A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa- ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de confl itos e deslocamentos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das rela- ções interpessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência signifi cativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. Trilhar novas veredas é o desafi o; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à decifra- ção: “trouxeste a chave?”. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece- -nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. O que é, o que é? Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em fl ores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. b) durante a leitura São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identifi cação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. c) depois da leitura São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a refl exão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identifi car os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos linguísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. QUADRO-SÍNTESE O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. ✦ nas tramas do texto • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identifi cação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas etc. ✦ nas telas do cinema • Indicação de fi lmes, disponíveis em DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. ✦ nos enredos do real • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. DICAS DE LEITURA Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafi o. Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a fi nalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. Árvores e tempo de leitura MARIA JOSÉ NÓBREGA 2 3 4 Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental Leitor fl uente — 4o ao 7o anos VEREDAS Parte comum.indd 1 8/13/13 8:37 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades à difusão da literatura de cordel e do repente de viola. Além de pesquisador da poesia popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista, repentista e contador de histórias de cordel. Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para o público em geral e para educadores. Costuma apresentar seu trabalho como artista e educador em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e produziu dois espetáculos: De repente, o cordel e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do destino, dos quais também participou como ator. É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais, Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do menino, Brincantes poemas, No país das bexigas, Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do Brasil, todos publicados pela Editora Moderna; História de João Grilo e dos três irmãos gigantes, Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel, pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD; O valente domador, pela Scipione. RESENHA César Obeid não é nordestino, mas mostra, em seu trabalho, desenvoltura na criação de versos de cordel para ninguém botar defeito. Sempre com grande senso de humor, o autor nos apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos em que brinca com conhecidos provérbios, sem nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes, dessa vez a partir de crendices populares, em que o medo de passar debaixo da escada ou de quebrar um espelho pode se transformar em poesia. Logo depois, o autor nos desafi a com as suas adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples, em que rima a pergunta para depois rimar a resposta. No fi nal do livro há mais um presente: a divertida história de uma velhota fofoqueira, recriada pelo autor da tradição oral. É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de cordel foram feitos para ser declamados em voz alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores como um contador de histórias que se dirige ao público e ouve suas respostas. O caráter popular desses versos fi ca evidente não somente pela sua estrutura de rimas de cordel, mas também pelos temas escolhidos pelo autor, todos ligados à cultura popular brasileira. Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que está longe de ser um estudo distanciado do folclore – o que temos é um autor que reinventa, com muito humor e graça, esse formato tradicional, à sua maneira. QUADRO-SÍNTESE Gênero: cordel. Palavras-chave: cultura popular, folclore, tradição oral, provérbios, crendices, charadas, humor. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes. Tema transversal: pluralidade cultural. Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental. SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES a) antes da leitura 1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito da literatura de cordel. Verifi que se já leram algum folheto de cordel. 2. Informe que os versos de cordel do livro que irão ler trabalham com alguns elementos da cultura popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça que coletem provérbios, crendices e adivinhas que conheçam e os tragam para compartilhar com a classe. 3. Diga a eles que observem as xilogravuras que ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar a respeito do conteúdo do texto? b) durante a leitura 1. Sendo o cordel uma forma de literatura de origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados ou cantados, é interessante realizar a leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é dividir a turma em grupos e separar um trecho do livro para cada grupo, marcando uma data para a leitura. 2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com a pergunta, outra com a resposta. Sugira que tentem decifrar as charadas, antes da leitura das respostas. 3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e as crendices citados no texto que conhecerem. 4. Sugira que procurem perceber as relações que existem entre o texto e as ilustrações feitas por Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há referência no texto à crendice representada na xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha fofoqueira da história é caracterizada na imagem da p. 39? 5. Na capa do livro, encontramos um contador de histórias entretendo uma plateia; essa imagem está de acordo com a maneira pela qual o autor nos apresenta os versos de cordel. O autor refere- -se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos que identifi quem no texto os momentos em que o autor se dirige diretamente aos leitores e verifi que se percebem que esses momentos nos remetem mais a um contador de histórias se dirigindo a seu público do que a um cronista se dirigindo a seus leitores. c) depois da leitura 1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos e verifi que se compreenderam o sentido dos demais. Compare o texto do provérbio que os alunos conheciam com a forma como são citados no livro: há mudanças? 2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as adivinhas. De que maneira os alunos conhecem cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem no livro? 3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida, merece uma leitura dramática, já que possui muitos diálogos. O grupo que fi car responsável por essa história poderá eleger uma pessoa para fazer o papel da velhota, outra para o papel do marido e outras para o papel dos narradores. Se possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros objetos para a cena. O importante é deixar solta a criatividade. 4. Peça que seus alunos observem as estrofes do texto e verifi quem se o número de versos se modifi ca de uma estrofe para a outra. Peça também que verifi quem quais são os versos que rimam em uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda de uma estrofe para a outra? 5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece porque os poemas possuem uma métrica e que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas. Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel, não corresponde à que estão acostumados, já que ela está muito mais ligada à sonoridade das palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns versos do texto para mostrar como essa divisão funciona, explicando que, em alguns casos, duas sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez de “minha”) e que da última palavra do verso não se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica. Após a explicação, deixe que seus alunos realizem o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os versos do texto têm mesmo sete sílabas. 6. Pode ser interessante trazer uma poesia com uma métrica diferente para apresentar aos alunos. Um poema da literatura erudita, em versos decassílabos (os cordelistas também os utilizam) ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos de métrica produz? Por que será que o verso de sete sílabas é mais utilizado na cultura popular? 7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem seu talento como autores de literatura de cordel. Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir de um exercício proposto pelo autor César Obeid, hojechamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha, sendo X os versos livres e A os versos com rimas. 1________________________ X 2________________________ A 3________________________ X 4________________________ A 5________________________ X 6________________________ A • Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham o tema que desejam tratar. Então diga a eles que escolham uma palavra que simbolize bem esse tema e que não seja muito difícil de rimar. Essa palavra deve ser colocada no último verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu maior sentido na última linha. Depois, peça aos alunos que pensem em outras palavras que rimem com a palavra escolhida e, entre elas, escolham duas para colocar no fi nal dos dois outros versos com rima, o segundo e o quarto. Exemplo: 1______________________ X 2______________________ fl or A 3______________________ X 4______________________ dor A 5______________________ X 6______________________ amor A • Agora é só metrifi car, construindo versos de sete sílabas, e manter as rimas. Exemplo: 1 Eu te dou um chocolate X 2 Um beijinho e uma fl or A 3 É que junto de você X 4 Eu não sei o que é dor A 5 Só resta então dizer X 6 Eu te amo, meu amor. A Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas pelo autor, como também pela maior parte dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a rima, dentro de uma palavra, começa sempre na “vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal. 8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito da literatura de cordel. Qual sua região de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação de origem sertaneja, ou seja, a maior parte dos poetas é nascida no sertão. Falar também sobre o processo migratório e dizer que há cordel sendo produzido em praticamente toda grande cidade do país e que São Paulo é o maior polo de cordel fora do Nordeste.) Qual a origem do nome? Quais são os temas e personagens mais recorrentes? Quais os principais autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os contemporâneos e confi rmar que a manifestação permanece viva até .) 9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado de xilogravuras. Peça aos alunos que pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens. Se possível, converse com o professor de Artes sobre a possibilidade de os alunos experimentarem essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras para ilustrar as suas estrofes de cordel. 10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros títulos disponíveis on-line, visite os sites: http:// www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br 11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma a um dos fi lmes: Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando os habitantes de Javé tomam conhecimento de que o pequeno vilarejo em que vivem pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica, decidem preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história para escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias. O homem que virou suco. Dir. de João Batista de Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante nordestino, contador de cordel e recém-chegado a São Paulo, é confundido com um operário que matou o patrão. Decidido a provar sua inocência, é obrigado a se esconder da polícia. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Aquecimento global não dá rima com legal. São Paulo: Moderna. Brincantes poemas. São Paulo: Moderna. Desafi os de cordel. São Paulo: FTD. Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna. Rimas animais. São Paulo: Moderna. Rimas juninas. São Paulo: Moderna. ◗ sobre o mesmo gênero A editora Hedra publicou antologias de renomados autores de cordel: Cordel de Expedito Sebastião Silva Cordel de João Martins de Athayde Cordel de Raimundo Santa Helena Cordel de Severino José Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante Cordel de Zé Vicente Cordel de Teo Azevedo Cordel de Minelvino Francisco Silva Cordel de Cuíca de Santo Amaro Cordel de Patativa do Assaré Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna. Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental VEREDAS Enc_Minhas rimas de cordel.indd 1 8/29/13 8:53 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades à difusão da literatura de cordel e do repente de viola. Além de pesquisador da poesia popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista, repentista e contador de histórias de cordel. Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para o público em geral e para educadores. Costuma apresentar seu trabalho como artista e educador em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e produziu dois espetáculos: De repente, o cordel e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do destino, dos quais também participou como ator. É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais, Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do menino, Brincantes poemas, No país das bexigas, Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do Brasil, todos publicados pela Editora Moderna; História de João Grilo e dos três irmãos gigantes, Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel, pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD; O valente domador, pela Scipione. RESENHA César Obeid não é nordestino, mas mostra, em seu trabalho, desenvoltura na criação de versos de cordel para ninguém botar defeito. Sempre com grande senso de humor, o autor nos apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos em que brinca com conhecidos provérbios, sem nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes, dessa vez a partir de crendices populares, em que o medo de passar debaixo da escada ou de quebrar um espelho pode se transformar em poesia. Logo depois, o autor nos desafi a com as suas adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples, em que rima a pergunta para depois rimar a resposta. No fi nal do livro há mais um presente: a divertida história de uma velhota fofoqueira, recriada pelo autor da tradição oral. É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de cordel foram feitos para ser declamados em voz alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores como um contador de histórias que se dirige ao público e ouve suas respostas. O caráter popular desses versos fi ca evidente não somente pela sua estrutura de rimas de cordel, mas também pelos temas escolhidos pelo autor, todos ligados à cultura popular brasileira. Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que está longe de ser um estudo distanciado do folclore – o que temos é um autor que reinventa, com muito humor e graça, esse formato tradicional, à sua maneira. QUADRO-SÍNTESE Gênero: cordel. Palavras-chave: cultura popular, folclore, tradição oral, provérbios, crendices, charadas, humor. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes. Tema transversal: pluralidade cultural. Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental. SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES a) antes da leitura 1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito da literatura de cordel. Verifi que se já leram algum folheto de cordel. 2. Informe que os versos de cordel do livro que irão ler trabalham com alguns elementos da cultura popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça que coletem provérbios, crendices e adivinhas que conheçam e os tragam para compartilhar com a classe. 3. Diga a eles que observem as xilogravuras que ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar a respeito do conteúdo do texto? b) durante a leitura 1. Sendo o cordel uma forma de literatura de origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados ou cantados, é interessante realizar a leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é dividir a turma em grupos e separar um trecho do livro para cada grupo, marcando uma data para a leitura. 2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com a pergunta, outra com a resposta. Sugira que tentem decifrar as charadas, antes da leitura das respostas. 3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e as crendices citados no texto que conhecerem. 4. Sugira que procurem perceber as relações que existem entre o texto e as ilustrações feitas por Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há referência no texto à crendice representada na xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha fofoqueira da história é caracterizada na imagem da p. 39? 5. Na capa do livro, encontramos um contador de histórias entretendo uma plateia; essa imagem está de acordo com a maneira pela qual o autor nos apresenta os versos de cordel. O autor refere- -se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos que identifi quem no texto os momentos em que o autor se dirige diretamente aos leitores e verifi que se percebem que esses momentos nos remetem mais a um contador de histórias se dirigindo a seu público do que a um cronista se dirigindo a seus leitores. c) depois da leitura 1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos e verifi que se compreenderam o sentido dos demais. Compare o texto do provérbio que os alunos conheciam com a forma como são citados no livro: há mudanças? 2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as adivinhas. De que maneira os alunos conhecem cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem no livro? 3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida, merece uma leitura dramática, já que possui muitos diálogos. O grupo que fi car responsável por essa história poderá eleger uma pessoa para fazer o papel da velhota, outra para o papel do marido e outras para o papel dos narradores. Se possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros objetos para a cena. O importante é deixar solta a criatividade. 4. Peça que seus alunos observem as estrofes do texto e verifi quem se o número de versos se modifi ca de uma estrofe para a outra. Peça também que verifi quem quais são os versos que rimam em uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda de uma estrofe para a outra? 5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece porque os poemas possuem uma métrica e que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas. Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel, não corresponde à que estão acostumados, já que ela está muito mais ligada à sonoridade das palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns versos do texto para mostrar como essa divisão funciona, explicando que, em alguns casos, duas sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez de “minha”) e que da última palavra do verso não se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica. Após a explicação, deixe que seus alunos realizem o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os versos do texto têm mesmo sete sílabas. 6. Pode ser interessante trazer uma poesia com uma métrica diferente para apresentar aos alunos. Um poema da literatura erudita, em versos decassílabos (os cordelistas também os utilizam) ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos de métrica produz? Por que será que o verso de sete sílabas é mais utilizado na cultura popular? 7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem seu talento como autores de literatura de cordel. Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir de um exercício proposto pelo autor César Obeid, chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha, sendo X os versos livres e A os versos com rimas. 1________________________ X 2________________________ A 3________________________ X 4________________________ A 5________________________ X 6________________________ A • Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham o tema que desejam tratar. Então diga a eles que escolham uma palavra que simbolize bem esse tema e que não seja muito difícil de rimar. Essa palavra deve ser colocada no último verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu maior sentido na última linha. Depois, peça aos alunos que pensem em outras palavras que rimem com a palavra escolhida e, entre elas, escolham duas para colocar no fi nal dos dois outros versos com rima, o segundo e o quarto. Exemplo: 1______________________ X 2______________________ fl or A 3______________________ X 4______________________ dor A 5______________________ X 6______________________ amor A • Agora é só metrifi car, construindo versos de sete sílabas, e manter as rimas. Exemplo: 1 Eu te dou um chocolate X 2 Um beijinho e uma fl or A 3 É que junto de você X 4 Eu não sei o que é dor A 5 Só resta então dizer X 6 Eu te amo, meu amor. A Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas pelo autor, como também pela maior parte dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a rima, dentro de uma palavra, começa sempre na “vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal. 8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito da literatura de cordel. Qual sua região de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação de origem sertaneja, ou seja, a maior parte dos poetas é nascida no sertão. Falar também sobre o processo migratório e dizer que há cordel sendo produzido em praticamente toda grande cidade do país e que São Paulo é o maior polo de cordel fora do Nordeste.) Qual a origem do nome? Quais são os temas e personagens mais recorrentes? Quais os principais autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os contemporâneos e confi rmar que a manifestação permanece viva até hoje.) 9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado de xilogravuras. Peça aos alunos que pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens. Se possível, converse com o professor de Artes sobre a possibilidade de os alunos experimentarem essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras para ilustrar as suas estrofes de cordel. 10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros títulos disponíveis on-line, visite os sites: http:// www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br 11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma a um dos fi lmes: Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando os habitantes de Javé tomam conhecimento de que o pequeno vilarejo em que vivem pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica, decidem preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história para escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias. O homem que virou suco. Dir. de João Batista de Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante nordestino, contador de cordel e recém-chegado a São Paulo, é confundido com um operário que matou o patrão. Decidido a provar sua inocência, é obrigado a se esconder da polícia. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Aquecimento global não dá rima com legal. São Paulo: Moderna. Brincantes poemas. São Paulo: Moderna. Desafi os de cordel. São Paulo: FTD. Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna. Rimas animais. São Paulo: Moderna. Rimas juninas. São Paulo: Moderna. ◗ sobre o mesmo gênero A editora Hedra publicou antologias de renomados autores de cordel: Cordel de Expedito Sebastião Silva Cordel de João Martins de Athayde Cordel de Raimundo Santa Helena Cordel de Severino José Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante Cordel de Zé Vicente Cordel de Teo Azevedo Cordel de Minelvino Francisco Silva Cordel de Cuíca de Santo Amaro Cordel de Patativa do Assaré Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna. Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental VEREDAS Enc_Minhas rimas de cordel.indd 1 8/29/13 8:53 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades à difusão da literatura de cordel e do repente de viola. Além de pesquisador da poesia popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista, repentista e contador de histórias de cordel. Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para o público em geral e para educadores. Costuma apresentar seu trabalho como artista e educador em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e produziu dois espetáculos: De repente, o cordel e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do destino, dos quais também participou como ator. É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais, Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do menino, Brincantes poemas, No país das bexigas, Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do Brasil, todos publicados pela Editora Moderna; História de João Grilo e dos três irmãos gigantes, Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel, pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD; O valente domador, pela Scipione. RESENHA César Obeid não é nordestino, mas mostra, em seu trabalho, desenvoltura na criação de versos de cordel para ninguém botar defeito. Sempre com grande senso de humor, o autor nos apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos em que brinca com conhecidos provérbios, sem nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes, dessa vez a partir de crendices populares, em que o medo de passar debaixo da escada ou de quebrar um espelho pode se transformar em poesia. Logo depois, o autor nos desafi a com as suas adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples, em que rima a pergunta para depois rimar a resposta. No fi nal do livro há mais um presente: a divertida história de uma velhota fofoqueira, recriada pelo autor da tradição oral. É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de cordel foram feitos para ser declamados em voz alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores como um contador de histórias que se dirige ao público e ouve suas respostas. O caráter popular desses versos fi ca evidente não somente pela sua estrutura de rimas de cordel, mas também pelos temas escolhidos pelo autor, todos ligados à cultura popular brasileira. Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que está longe de ser um estudo distanciado do folclore – o que temos é um autor que reinventa, com muito humor e graça, esse formato tradicional, à sua maneira. QUADRO-SÍNTESE Gênero: cordel. Palavras-chave: cultura popular, folclore, tradição oral, provérbios, crendices, charadas, humor. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes. Tema transversal: pluralidade cultural. Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental. SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES a) antes da leitura 1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito da literatura de cordel. Verifi que se já leram algum folheto de cordel. 2. Informe que os versos de cordel do livro que irão ler trabalham com alguns elementos da cultura popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça que coletem provérbios, crendices e adivinhas que conheçam e os tragam para compartilhar com a classe. 3. Diga a eles que observem as xilogravuras que ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar a respeito do conteúdo do texto? b) durante a leitura 1. Sendo o cordel uma forma de literatura de origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados ou cantados, é interessante realizar a leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é dividir a turma em grupos e separar um trecho do livro para cada grupo, marcando uma data para a leitura. 2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com a pergunta, outra com a resposta. Sugira que tentem decifrar as charadas, antes da leitura das respostas. 3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e as crendices citados no texto que conhecerem. 4. Sugira que procurem perceber as relações que existem entre o texto e as ilustrações feitas por Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há referência no texto à crendice representada na xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha fofoqueira da história é caracterizada na imagem da p. 39? 5. Na capa do livro, encontramos um contador de histórias entretendo uma plateia; essa imagem está de acordo com a maneira pela qual o autor nos apresenta os versos de cordel. O autor refere- -se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos que identifi quem no texto os momentos em que o autor se dirige diretamente aos leitores e verifi que se percebem que esses momentos nos remetem mais a um contador de histórias se dirigindo a seu público do que a um cronista se dirigindo a seus leitores. c) depois da leitura 1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos e verifi que se compreenderam o sentido dos demais. Compare o texto do provérbio que os alunos conheciam com a forma como são citados no livro: há mudanças? 2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as adivinhas. De que maneira os alunos conhecem cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem no livro? 3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida, merece uma leitura dramática, já que possui muitos diálogos. O grupo que fi car responsável por essa história poderá eleger uma pessoa para fazer o papel da velhota, outra para o papel do marido e outras para o papel dos narradores. Se possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros objetos para a cena. O importante é deixar solta a criatividade. 4. Peça que seus alunos observem as estrofes do texto e verifi quem se o número de versos se modifi ca de uma estrofe para a outra. Peça também que verifi quem quais são os versos que rimam em uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda de uma estrofe para a outra? 5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece porque os poemas possuem uma métrica e que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas. Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel, não corresponde à que estão acostumados, já que ela está muito mais ligada à sonoridade das palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns versos do texto para mostrar como essa divisão funciona, explicando que, em alguns casos, duas sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez de “minha”) e que da última palavra do verso não se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica. Após a explicação, deixe que seus alunos realizem o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os versos do texto têm mesmo sete sílabas. 6. Pode ser interessante trazer uma poesia com uma métrica diferente para apresentar aos alunos. Um poema da literatura erudita, em versos decassílabos (os cordelistas também os utilizam) ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos de métrica produz? Por que será que o verso de sete sílabas é mais utilizado na cultura popular? 7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem seu talento como autores de literatura de cordel. Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir de um exercício proposto pelo autor César Obeid, chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha, sendo X os versos livres e A os versos com rimas. 1________________________ X 2________________________ A 3________________________ X 4________________________ A 5________________________ X 6________________________ A • Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham o tema que desejam tratar. Então diga a eles que escolham uma palavra que simbolize bem esse tema e que não seja muito difícil de rimar. Essa palavra deve ser colocada no último verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu maior sentido na última linha. Depois, peça aos alunos que pensem em outras palavras que rimem com a palavra escolhida e, entre elas, escolham duas para colocar no fi nal dos dois outros versos com rima, o segundo e o quarto. Exemplo: 1______________________ X 2______________________ fl or A 3______________________ X 4______________________ dor A 5______________________ X 6______________________ amor A • Agora é só metrifi car, construindo versos de sete sílabas, e manter as rimas. Exemplo: 1 Eu te dou um chocolate X 2 Um beijinho e uma fl or A 3 É que junto de você X 4 Eu não sei o que é dor A 5 Só resta então dizer X 6 Eu te amo, meu amor. A Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas pelo autor, como também pela maior parte dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a rima, dentro de uma palavra, começa sempre na “vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal. 8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito da literatura de cordel. Qual sua região de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação de origem sertaneja, ou seja, a maior parte dos poetas é nascida no sertão. Falar também sobre o processo migratório e dizer que há cordel sendo produzido em praticamente toda grande cidade do país e que São Paulo é o maior polo de cordel fora do Nordeste.) Qual a origem do nome? Quais são os temas e personagens mais recorrentes? Quais os principais autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os contemporâneos e confi rmar que a manifestação permanece viva até hoje.) 9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado de xilogravuras. Peça aos alunos que pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens. Se possível, converse com o professor de Artes sobre a possibilidade de os alunos experimentarem essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras para ilustrar as suas estrofes de cordel. 10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros títulos disponíveis on-line, visite os sites: http:// www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br 11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma a um dos fi lmes: Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando os habitantes de Javé tomam conhecimento de que o pequeno vilarejo em que vivem pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica, decidem preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história para escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias. O homem que virou suco. Dir. de João Batista de Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante nordestino, contador de cordel e recém-chegado a São Paulo, é confundido com um operário que matou o patrão. Decidido a provar sua inocência, é obrigado a se esconder da polícia. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Aquecimento global não dá rima com legal. São Paulo: Moderna. Brincantes poemas. São Paulo: Moderna. Desafi os de cordel. São Paulo: FTD. Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna. Rimas animais. São Paulo: Moderna. Rimas juninas. São Paulo: Moderna. ◗ sobre o mesmo gênero A editora Hedra publicou antologias de renomados autores de cordel: Cordel de Expedito Sebastião Silva Cordel de João Martins de Athayde Cordel de Raimundo Santa Helena Cordel de Severino José Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante Cordel de Zé Vicente Cordel de Teo Azevedo Cordel de Minelvino Francisco Silva Cordel de Cuíca de Santo Amaro Cordel de Patativa do Assaré Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e luta, de Márcia Abreu (Org.). São Paulo: Moderna. Leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental VEREDAS Enc_Minhas rimas de cordel.indd 1 8/29/13 8:53 AM CÉSAR OBEID Minhas rimas de cordel 5 6 7 UM POUCO SOBRE O AUTOR César Obeid, nascido na cidade de São Paulo, é um fi el apaixonado pela cultura popular. Formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, em 1997, hoje dedica a maior parte de suas atividades à difusão da literatura de cordel e do repente de viola. Além de pesquisador da poesia popular em versos, é, ele mesmo, um cordelista, repentista e contador de histórias de cordel. Autor de inúmeros cordéis para todas as faixas etárias, César Obeid ministra cursos de cordel para o público em geral e para educadores. Costuma apresentar seu trabalho como artista e educador em diversos projetos ligados ao SESC, ao SESI e às Secretarias Municipais e Estaduais de Cultura, além de escolas e faculdades. Para o teatro, escreveu e produziu dois espetáculos: De repente, o cordel e o infantil A princesa e o quengo nas charadas do destino, dos quais também participou como ator. É autor de Minhas rimas de cordel, Rimas animais, Rimas juninas, Aquecimento global não dá rima com legal, Para ler, ver e ouvir, O cachorro do menino, Brincantes poemas, No país das bexigas, Tupiliques – Heranças Indígenas no Português do Brasil, todos publicados pela Editora Moderna; História de João Grilo e dos três irmãos gigantes, Criança poeta, pela Editora do Brasil; Patinho Feio em cordel, João e o pé de feijão em cordel, pela Mundo Mirim; Desafi os de cordel, pela FTD; O valente domador, pela Scipione. RESENHA César Obeid não é nordestino, mas mostra, em seu trabalho, desenvoltura na criação de versos de cordel para ninguém botar defeito. Sempre com grande senso de humor, o autor nos apresenta, em primeiro lugar, uma série de versos em que brinca com conhecidos provérbios, sem nunca perder o ritmo. A seguir, novas estrofes, dessa vez a partir de crendices populares, em que o medo de passar debaixo da escada ou de quebrar um espelho pode se transformar em poesia. Logo depois, o autor nos desafi a com as suas adivinhas, algumas mais complicadas, outras simples, em que rima a pergunta para depois rimar a resposta. No fi nal do livro há mais um presente: a divertida história de uma velhota fofoqueira, recriada pelo autor da tradição oral. É fácil perceber que os versos de Minhas rimas de cordel foram feitos para ser declamados em voz alta. O autor, muitas vezes, se dirige aos leitores como um contador de histórias que se dirige ao público e ouve suas respostas. O caráter popular desses versos fi ca evidente não somente pela sua estrutura de rimas de cordel, mas também pelos temas escolhidos pelo autor, todos ligados à cultura popular brasileira. Estamos aqui, porém, diante de um trabalho que está longe de ser um estudo distanciado do folclore – o que temos é um autor que reinventa, com muito humor e graça, esse formato tradicional, à sua maneira. QUADRO-SÍNTESE Gênero: cordel. Palavras-chave: cultura popular, folclore, tradição oral, provérbios, crendices, charadas, humor. Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Artes. Tema transversal: pluralidade cultural. Público-alvo: leitor fl uente – 4o ao 7o ano do Ensino Fundamental. SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES a) antes da leitura 1. Pergunte aos alunos o que eles sabem a respeito da literatura de cordel. Verifi que se já leram algum folheto de cordel. 2. Informe que os versos de cordel do livro que irão ler trabalham com alguns elementos da cultura popular: provérbios, crendices e adivinhas. Peça que coletem provérbios, crendices e adivinhas que conheçam e os tragam para compartilhar com a classe. 3. Diga a eles que observem as xilogravuras que ilustram o livro. O que elas nos permitem imaginar a respeito do conteúdo do texto? b) durante a leitura 1. Sendo o cordel uma forma de literatura de origem oral, cujos versos são feitos para ser declamados ou cantados, é interessante realizar a leitura do livro em voz alta. Uma possibilidade é dividir a turma em grupos e separar um trecho do livro para cada grupo, marcando uma data para a leitura. 2. Num dos capítulos do livro, o autor constrói rimas a partir de adivinhas: uma estrofe com a pergunta, outra com a resposta. Sugira que tentem decifrar as charadas, antes da leitura das respostas. 3. Peça aos alunos que assinalem os provérbios e as crendices citados no texto que conhecerem. 4. Sugira que procurem perceber as relações que existem entre o texto e as ilustrações feitas por Regina Drozina e Valdeck de Garanhuns. Que provérbio aparece na xilogravura da p. 13? Há referência no texto à crendice representada na xilogravura da p. 27? De que forma a ilustração da p. 31 nos remete às adivinhas? Como a velha fofoqueira da história é caracterizada na imagem da p. 39? 5. Na capa do livro, encontramos um contador de histórias entretendo uma plateia; essa imagem está de acordo com a maneira pela qual o autor nos apresenta os versos de cordel. O autor refere- -se ao leitor com palavras como “ouvintes”, “meu povo”, “pessoal”, demonstrando que a literatura de cordel é escrita para ser falada. Peça aos alunos que identifi quem no texto os momentos em que o autor se dirige diretamente aos leitores e verifi que se percebem que esses momentos nos remetem mais a um contador de histórias se dirigindo a seu público do que a um cronista se dirigindo a seus leitores. c) depois da leitura 1. Retome os provérbios conhecidos pelos alunos e verifi que se compreenderam o sentido dos demais. Compare o texto do provérbio que os alunos conheciam com a forma como são citados no livro: há mudanças? 2. O mesmo pode ser feito com as crendices e as adivinhas. De que maneira os alunos conhecem cada crendice e cada adivinha? Como elas aparecem no livro? 3. A história da velhota fofoqueira, muito divertida, merece uma leitura dramática, já que possui muitos diálogos. O grupo que fi car responsável por essa história poderá eleger uma pessoa para fazer o papel da velhota, outra para o papel do marido e outras para o papel dos narradores. Se possível, seria interessante trazer fi gurinos e outros objetos para a cena. O importante é deixar solta a criatividade. 4. Peça que seus alunos observem as estrofes do texto e verifi quem se o número de versos se modifi ca de uma estrofe para a outra. Peça também que verifi quem quais são os versos que rimam em uma mesma estrofe. E a posição das rimas, muda de uma estrofe para a outra? 5. Chame a atenção de seus alunos para o ritmo fl uente que o cordel tem. Diga-lhes que isso acontece porque os poemas possuem uma métrica e que cada um dos versos tem sete sílabas poéticas. Explique-lhes que a divisão de sílabas, no cordel, não corresponde à que estão acostumados, já que ela está muito mais ligada à sonoridade das palavras do que à sua ortografi a. Analise alguns versos do texto para mostrar como essa divisão funciona, explicando que, em alguns casos, duas sílabas podem se juntar em uma (“mi’a” em vez de “minha”) e que da última palavra do verso não se contam as sílabas posteriores à sílaba tônica. Após a explicação, deixe que seus alunos realizem o “teste”, verifi cando se é verdade que todos os versos do texto têm mesmo sete sílabas. 6. Pode ser interessante trazer uma poesia com uma métrica diferente para apresentar aos alunos. Um poema da literatura erudita, em versos decassílabos (os cordelistas também os utilizam) ou dodecassílabos, e um poema mais moderno, em versos livres. Qual o efeito que cada um dos tipos de métrica produz? Por que será que o verso de sete sílabas é mais utilizado na cultura popular? 7. Agora é a vez de os próprios alunos testarem seu talento como autores de literatura de cordel. Para facilitar o trabalho, podemos trabalhar a partir de um exercício proposto pelo autor César Obeid, chamado XAXAXA. O XAXAXA é o esquema das palavras que rimam e não rimam dentro da sextilha, sendo X os versos livres e A os versos com rimas. 1________________________ X 2________________________ A 3________________________ X 4________________________ A 5________________________ X 6________________________ A • Em primeiro lugar, deixe que os alunos escolham o tema que desejam tratar. Então diga a eles que escolham uma palavra que simbolize bem esse tema e que não seja muito difícil de rimar. Essa palavra deve ser colocada no último verso, pois a estrofe de cordel guarda o seu maior sentido na última linha. Depois, peça aos alunos que pensem em outras palavras que rimem com a palavra escolhida e, entre elas, escolham duas para colocar no fi nal dos dois outros versos com rima, o segundo e o quarto. Exemplo: 1______________________ X 2______________________ fl or A 3______________________ X 4______________________ dor A 5______________________ X 6______________________ amor A • Agora é só metrifi car, construindo versos de sete sílabas, e manter as rimas. Exemplo: 1 Eu te dou um chocolate X 2 Um beijinho e uma fl or A 3 É que junto de você X 4 Eu não sei o que é dor A 5 Só resta então dizer X 6 Eu te amo, meu amor. A Observação: Informe aos alunos que as rimas utilizadas pelo autor, como também pela maior parte dos cordelistas, são todas rimas perfeitas, isto é, a rima, dentro de uma palavra, começa sempre na “vogal da sílaba tônica” e vai até o fi nal. 8. Peça aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito da literatura de cordel. Qual sua região de origem? (Informar que o cordel é uma manifestação de origem sertaneja, ou seja, a maior parte dos poetas é nascida no sertão. Falar também sobre o processo migratório e dizer que há cordel sendo produzido em praticamente toda grande cidade do país e que São Paulo é o maior polo de cordel fora do Nordeste.) Qual a origem do nome? Quais são os temas e personagens mais recorrentes? Quais os principais autores do gênero? (Não se esquecer de incluir os contemporâneos e confi rmar que a manifestação permanece viva até hoje.) 9. O folheto de cordel quase sempre vem acompanhado de xilogravuras. Peça aos alunos que pesquisem sobre essa técnica trazendo imagens. Se possível, converse com o professor de Artes sobre a possibilidade de os alunos experimentarem essa técnica e criarem, eles mesmos, xilogravuras para ilustrar as suas estrofes de cordel. 10. Para saber mais sobre o assunto e ler outros títulos disponíveis on-line, visite os sites: http:// www.ablc.com.br/ e www.teatrodecordel.com.br 11. Avalie a possibilidade de assistir com a turma a um dos fi lmes: Narradores de Javé. Dir. de Eliane Caffé, Bananeira Filmes/Gullane Filmes/Laterit Productions. Quando os habitantes de Javé tomam conhecimento de que o pequeno vilarejo em que vivem pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica, decidem preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história para escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias. O homem que virou suco. Dir. de João Batista de Andrade, Dinafi lme/Embrafi lme/CDI. Um migrante nordestino, contador de cordel e recém-chegado a São Paulo, é confundido com um operário que matou o patrão. Decidido a provar sua inocência, é obrigado a se esconder da polícia. DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Aquecimento global não dá rima com legal. São Paulo: Moderna. Brincantes poemas. São Paulo: Moderna. Desafi os de cordel. São Paulo: FTD. Para ler, ver e ouvir. São Paulo: Moderna. Rimas animais. São Paulo: Moderna. Rimas juninas. São Paulo: Moderna. ◗ sobre o mesmo gênero A editora Hedra publicou antologias de renomados autores de cordel: Cordel de Expedito Sebastião Silva Cordel de João Martins de Athayde Cordel de Raimundo Santa Helena Cordel de Severino José Cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante Cordel de Zé Vicente Cordel de Teo Azevedo Cordel de Minelvino Francisco Silva Cordel de Cuíca de Santo Amaro Cordel de Patativa do Assaré Antologia de Folhetos de Cordel – Amor, história e luta, de Márcia

domingo, 11 de setembro de 2016

Crônica: Procurando Emprego


 
   
    
          Crônica: Procurando Emprego.
          Autor: Feres Cury 
        Olá! Sou um cidadão nordestino, para o meu conforto e sabedoria, me escondo aqui neste sertão nordestino, desde menino, aqui próximo a Recife, cidade conhecida por Quixadá.   Sou batalhador, como todo brasileiro, mas, em breve, pretendo me deslocar, conhecer este mundão afora que todos comentam por aqui, estou quase doido, pra conhecer essa grande metrópole: São Paulo, muito falada. Dizem ser a maior cidade da América do sul.
  Para lá irei, em busca de um novo trabalho, pois, sou um mero sofredor nordestino, abalado e desconjurado pela tamanha seca que o nordeste proporciona.  O fracasso desse chão não é o meu forte, estou indo embora, o meu nome pouco importa.
  Agora sim, estou já em São Paulo, observo tamanha cidade; e estou à procura de um cantinho. Me deparo próximo a alameda São João, um bairro muito conhecido por todos que por aqui já passaram ou estão passando.
  Já estou na segunda  semana, e agora vou à procura de um trabalho;estou na travessia de uma longa avenida; e o pior é o que tenho avistado até o presente momento, grandes arranha-céus, e numa conjuntura slogans com os dizeres que amedrontam qualquer ser humano; em todos o que tenho observado, são dizeres que a mim trouxeram um tamanho entristecimento. Edifício para melhor compreensão destacam até mais dados para não ficar na popularidade lá estão denotados como sendo Edifício São João; Edifício São Lucas entre outros são tantos que jamais iria imaginar que uma tamanha metrópole iria afuguentar esse pobre nordestino. No dia seguinte juntei mais que rapidamente os meus apetrechos voltando para a minha velha Quixadá.
  Vivo aqui nesse sertão nordestino, sou um fazedor de redes e levo para todos os cantos desse país, Com isso ganho o sustento que dá para a minha família, até então.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CRÔNICA DA UVA FERES CURY



          
         CRÔNICA: Prá chupar! Chupar!  lindas uvas.
Resultado de imagem para cacho de uvas desenhoResultado de imagem para cacho de uvas desenho                                                    Autor: Feres Cury 

            

    

           
  A bela família  paranaense, está olhando pros céus, deitados na varanda, numa bela chácara de marialva, ouvindo o som e as imagens da televisão, é domingo! lá estão sintonizados no programa do Faustão.
  É uma linda tarde, e o por do sol aponta, e a filha solteira de nome marialva olhando pros céus, fitando olhares pro parreiral, dá um grito tamanho e estridente, sintonizada com os olhares ao parreiral avista um tamanho cacho de uvas, diz ao pai.
  Corta lá! Oh pai! Corta lá, É um lindo cacho, são lindas uvas, olha só! Tamanho cacho, dá pra todos, E o velho pai pegando uma velha tesoura se aproxima do cacho, o corta e distribui pra toda família.
  A família saboreia, são  as uvas, uma delícia!
  Uma das  filhas a mais velha, de olhos verdes, usando uma saia, ao levantar da rede, um vento assopra, e a saia levanta,  e as pernas demonstram as lindas coxas que a ruivosa construiu, mas, ninguém repara.
  Outra filha de olhos castanhos, se não me engano, prossegue e canta uma cantiga de minar, as uvas, a família saboreia, são uvas da velha parreira, na velha marialva, lá na chácara do velho guerreiro, põe a mais uma família e ao seu sustento, vender uvas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Cronica: Verdade ou Falsidade






      Crônica: Verdade ou Falsidade.

                                        Autor: Feres Cury


No dia a dia, todas as manhãs, saio de casa, logo cedinho, para mais um belo dia de trabalho, sigo em frente, vou caminhando, passo a passo e por uma avenida e me dirijo à parada para mais uma vez esperar a circular que por vez me levará para meu destino: Meu trabalho.

Passam-se alguns minutos, avisto de longe o número da circular que irei pegar. Dou um sinal, com um dos braços para cima, então a circular se aproxima e para. Como de costume, sempre lotada. Entro, e na catraca, às vezes me acomodo diante de tantos passageiros, que vão também em busca do trabalho diário para o sustento familiar.

O motorista segue o percurso que lhe é dado, rotineiro e também diário, e a cada ponto a porta traseira abre para um ou mais passageiros desembarcar e a porta dianteira também se abre, só que para o embarque.

No embarque e desembarque nota-se que muitos passageiros dentre tantos são estudantes, que também usufruem daquela modalidade, para seu destino que não é o mesmo, “trabalho”, e sim busca de estudos para um futuro provedor e melhor.

Ao meu ver, circular é um meio de transporte para cidadãos em comum,em que na medida do possível transporta trabalhadores e indivíduos para o trabalho, ou ao seu destino “infoco”.

Hoje, entretanto circular é um meio de transporte onde por vez encontramos um montão de aberrações, quero aqui demonstrar só mesmo um pedacinho dessa minha desavença.

De vez em quando para não dizer que de segunda à sexta ao adentrar na circular, sempre com super-lotação e é uma indignação visto que os corredores da referida sempre congestionados e eu sempre paro diante da catraca, e ao rodar a mesma noto que os corredores estão demasiadamente lotados, pessoas da terceira idade em pé, para um percurso irrisório, mas que amedronta, pelas características já adquiridas ou mesmo pela idade que possuem, vou um pouquinho mais ainda, diante dessa realidade alguns passageiros aproveitam para não serem incomodados e usam dos celulares interligados ao som musical que por vez como relatar esse objeto obsoleto ora vem atingindo e incomodando o sossego de muitos, pelo visto, e do meu conhecimento esse meio de transporte ora denominado circular é para transportar com dignidade trabalhadores. E, infelizmente já está virando danceteria ou quase , pois pelo visto muitos não dão crença que esse objeto estranho denominado celular é para um uso devido, e que não venha causar constrangimento a muitos, como é observado diariamente. Já, percebendo esse barulho estranho, procurando dentro da circular, e olhando para frente, com essa aglomeração nos corredores , e de onde vinha aquele barulho, no sobe e desce de passageiros, e a circular sempre cheia, então, desisti de procurar, com a cabeça dolorida, pelo alto som, e meus ouvidos já naquele percurso meus ouvidos já adquiriram aquele zunido forte, imagine o som para aqueles que estando mais próximos... um show em meio a todos aqueles rostos cansados e esgotados, que embora uns vindo do trabalho outros tantos indo ao trabalho, e aquele som conhecido por muitos, não passa a ser de um estudante que induzem aos ouvidos os chamados fones de ouvidos mediante o instrumental denominado celular. Isso em pleno século XXI.

Ainda que surge uma pergunta singular para muitos: circulares existem para trafegar de norte a sul e de leste a oeste, diante dos corredores das metrópoles ou grandes cidades, de vez e que a cada esquina carrega e descarrega quatro ou mais passageiros, esses por vez,passam pela roleta normalmente, com a ansiedade de obter um acento provavelmente pelo bom pago digo, pelo valor da passagem, mas... infelizmente vão ser cabides diários pelos corredores da referida.

Isso é um absurdo, é um barbarismo, em pleno século XXI, para mim é uma utopia que deveria evidentemente ser abolida para todos os cidadãos que diariamente usufruem desse meio.

                           No embarque e desembarque, dê um adeus ao som não use celular.

                                                      Autor: Feres Cury